A LUA E O QUEIJO : A ESCOLA DEPOIS DA LINHA DO TREM

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

A ESCOLA DEPOIS DA LINHA DO TREM




A ferrovia construiu em nossa Vila Operária uma escola para atender os filhos de seus funcionários. Todos os meus irmãos estudaram nesta escola, eu não.


Nossa Vila Operária era cercada em dois terços de seu terreno pelo Rio Itapecerica e a outra parte pela linha do trem. Formando assim, teoricamente, uma ilha. Nesta pequena ilha onde a gente vivia tinha quase tudo. Praticamente a gente não precisava ir na cidade. A escola da Vila era grande e todos os filhos de ferroviários estudavam ali, inclusive meus irmãos. Mas minha mãe, não sei o motivo, me matriculou na escola Padre Matias Lobato, que ficava na Avenida Primeiro de Junho lá na cidade.


Esta nossa pequena Ilha tinha uma só saída, que era atravessando as linhas do trem. Eu estudava a tarde nesta escola. E todos os dias, depois do almoço, eu seguia rumo a escola, carregando minha pasta com os materiais. A escola era longe. Eu ia seguindo a linha do trem até onde ela encontrava a Avenida Primeiro de Junho. Esta Avenida vinha da Igreja Matriz Catedral do Divino Espírito Santo e terminava na linha do trem. Da linha do trem para nossa Vila Operária ela passava a se chamar Rua R.


Era só eu seguir a Avenida Primeiro de Junho até escola. Como eu não estava acostumado a andar tanto,  a escola parecia ser muito longe. Eram só cinco quarteirões que pareciam muito distantes uns dos outros. Frequentei a Escola Padre Matias Lobato por quatro anos, até me formar na quarta série. Nesta escola não tinha admissão, que a gente tinha que fazer antes de entrar na quinta. E nem da quinta série em diante. Quando a gente formava tinha que ir para outra escola. A escola de Nossa Vila Operária também ensinava até o quarto ano apenas. 


Durantes estes quatros anos, o lugar que eu ia mais longe de casa era esta escola Padre Matias Lobato. Eu me formei com dez anos. Minha professora da quarta série era Clarisse Amaral.




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