A LUA E O QUEIJO : MINHAS LEMBRANÇAS

terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

MINHAS LEMBRANÇAS




Sentado a mesa onde fica meu CP, que fica de frente para a janela grande e toda de vidro, posso ver a linha do trem que passa a dois metros do muro de nossa casa. 
E todos os dias, várias vezes por dia, o trem passa diante de minha janela, lentamente, apitando, tocando o sino, para que as crianças que brincam na linha do trem e os adultos que fazem da linha do trem uma rua, saiam da frente, porque embora lentamente, o trem segue sempre em frente.


Vendo o trem passar tão próximo, as vezes recebo até um aceno do maquinista, fico pensando que o trem eh o único veiculo que não pode escolher outro caminho. Não pode virar a esquerda ou direita, não pode usar atalho e nunca está na contra-mão. Sua única escolha eh seguir os trilhos, onde quer que ele os leve. Parece ser muito solitário a vida de um trem.

O trem que passa próximo a minha janela na maioria das vezes está puxando muitos vagões. Geralmente sessenta vagões. Já contei os vagões puxados inúmeras vezes. Teve uma vez que contei oitenta e três vagões, passando lentamente diante da minha janela.
Já viajei muito e para muitos lugares e, algumas viagens foram de trem. Conheci diversas cidades, estados e países em minhas viagens, muitas vezes como turista, outras a trabalho e várias delas virtualmente. O fato eh que já conheci todos os países do mundo.
Mas você queria o que? Que eu ficasse sentando só olhando o trem passar em frente minha janela? Ninguém pode!
Quem vê o trem passar todos os dias diante de si, não consegue ficar por muito tempo em um lugar somente. A cena te leva a viajar, e sua primeira viagem com certeza será de trem. 


Foi isso que aconteceu comigo. Vendo o trem passar todos os dias tão perto de mim, fui tomado pelo desejo de conhecer por onde o trem passava, quem morava por lá, onde e como viviam. Depois das viagens de trem vieram as viagens de carro, caminhões, carretas, aviões e enfim, o mundo. Não dava mais para ficar parado em um pedacinho do planeta, sabendo que existia todo o resto. Era preciso estar lá, fazer parte da paisagem, nem que por instantes.


Com certeza, embora no meio de muitas pessoas, não era visto. E com certeza nunca se lembrarão de mim, mas eu estive la e isso a história registrou. E a menos que inventem uma máquina do tempo, voltem no tempo e impeça que eu vá, estes registros meu na história jamais poderão ser apagados. Eu conheci todos os lugares do mundo, estive presente em todos os países deste nosso pequeno planeta azul, conversei com pessoas que vivem neste lugares, fiz parte de todos estes lugares, ainda que por pouco tempo.
Agora, de volta a minha janela, ainda vejo o trem passar todos os dias, como se nada tivesse mudado neste tempo que passei longe daqui.
Mas, pensando bem, mudou sim!
O trem não mais me inspira a viajar, não me faz conhecer lugares ou pessoas, porque eu já fiz isso. Agora, ele me inspira a contar minhas viagens, falar dos caminhos por onde andei, das aventuras ou desventuras que vivi, do que de inusitado aconteceu comigo, o que cada viagem acrescentou na maior e melhor bagagem que eu levo sempre comigo, minhas lembranças.

E agora vou escrever estas lembranças neste papel virtual, neste caderno que pode ser foleado por milhares de pessoas ao mesmo tempo, em qualquer lugar deste pequeno planeta azul, sem que precisemos imprimir ou despachar pelo correio. 

Que seja a inspiração para você não ficar só olhando o trem passar, mas possa seguir com ele.
O trem da história, o trem da vida passa por nós todos os dias. E somente nós podemos decidir se devemos seguir com ele, ou vamos ficar só olhando ele passar.

Curtam minhas viagens. Que elas sejam inspiração para as viagens de vocês. 

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